“Impressões sobre o que vejo...”
Hoje tivemos, pela manhã, encontro com o decano (corresponde ao nosso diretor) da Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad de Chile, com o Ministro de Relações Exteriores e com a Embaixada do Brasil. Obviamente, o grupo se dividiu segundo seus interesses pessoais. À tarde, CEPAL (Centro de Estudos Políticos da América Latina) e, de forma extra-ordinária, pegar o INULATÃO que estava em manutenção numa oficina.
Na hora do almoço, mais um episódio do nosso Big Brother. Devido à correria dos compromissos de hoje, os não-vegans pararam para comer no Mc’Donalds. Os vegans preferiram procurar outro lugar para comer. Houve um desencontro, atraso e uma pitada de discussão/confusão. Esse contraste de opções alimentares ainda vai dar muito pano pra manga.
Para aproveitar meu último dia no Chile e o retorno de meus pais e Chico a Santiago, saímos para jantar à noite, num ótimo restaurante especializado em vinhos e carnes. Uma dilícia! Ah...no Chile, vale a pena experimentar a Piscola (teor alcoólico semelhante à vodka), ou Pisco (Piscola + limão), uma bebida alcoólica típica daqui. Se não me engano, é feita de uma flor.
Ainda, chegando no albergue pouco mais de meia-noite, parti para encontrar alguns caravaneiros em algum bar da cidade. Os encontrei na Bella Vista, onde ficamos até as 03:30h. Nos despedimos de Santiago às 04:(e pouco)h da manhã, rumo ao norte do país, com expectativa de dormir no Deserto do Atacama!
Lá vou eu, mais uma vez, pegar a estrada depois de virar a noite...
...
Abre parênteses. Relatar um pouco as minhas impressões da cidade. Não sei por qual motivo esta foi a cidade sobre a qual menos formei uma idéia própria, naturalmente subjetiva. Talvez por ter estado dormindo quando adentramos a mesma, sei lá. Serei breve.
Geograficamente, localizada num planalto e rodeada por montanhas, além das Cordilheiras dos Andes como plano de fundo, a qual, segundo relatos, era muito melhor vista décadas atrás, antes do crescimento da cidade, atrelado à construção daquela selva de pedra e poluição do ar. Ainda no âmbito físico ou territorial, é cortada pelo Rio Mapucho, que desce das Cordilheiras com uma força de correnteza desproporcional para o baixo volume de suas águas. Em alguns períodos do ano, como o inverno, quando o degelo cessava, costumava não existir, hoje em dia, não sei como se comporta. Este, à semelhança do rio que ladeia o bairro La Boca , em Buenos Aires , é poluído, com um tom de marrom que lembra aquela coisa mesmo que você está pensando. E eu cheguei a pensar, até 1 hora antes de sair de Santiago, quando me contaram a triste verdade, que a cor do rio se devia à quantidade de terra e sedimentos que trazia no seu percurso cordilheira ou cumes abaixo... Ô ingenuidade! “A água desse rio parece mesmo que do cume desce”. Como as demais capitais pelas quais passamos, as quadras são bem demarcadas, o que facilita a localização no espaço e a organização do trânsito.
Deixando de lado o Reino Mineral, pulando o Reino Vegetal e indo para o Reino Animal. Para poupar tempo e criatividade, irei copiar aqui alguns trechos do blog oficial da Caravana (http://caravanadaintegracao.blogspot.com) sobre alguns aspectos da vida humana no Chile:
“Também descobrimos que o Chile conta com uma vida cultural bastante ativa - enquanto estivemos aqui, dois grandes festivais, de cinema e teatro, aconteciam simultaneamente, além de outras produções culturais independentes”
“Descobrimos que, ao contrário do Paraguai, Uruguai e Argentina, aqui o Ensino Superior está estruturado de uma maneira muito parecida à do Brasil: é preciso fazer um exame para a entrada, como o vestibular, e é mais difícil ingressar nas universidades públicas (cujo prestígio é maior devido ao seu trabalho voltado à pesquisa) que privadas. Aqui, a tendência é que estudantes das classes menos favorecidas estudem em instituições privadas - o que os leva a fazer financiamentos que os deixarão endividados por muitos anos. Para nossa surpresa, as universidades públicas também são pagas aqui - custam cerca de R$600 por mês (valor que também pode ser financiado, porém a juros mais baixos).”
“Algumas escolas de Ensino Médio ensinam "Economia Doméstica" com o objetivo de mostrar às futuras donas de casa como cozinhar, costurar, administrar as finanças do lar etc. O aborto é totalmente proibido - inclusive o terapêutico (ou seja, mesmo em caso de risco de vida - da mãe ou do bebê - ou de estupro, não se concede o direito à interrupção da gravidez).”
“Outra grande surpresa que tivemos foi que, alguns dias antes da nossa chegada, foi eleito o futuro presidente do país, Sebastián Piñera, numa virada à direita depois de 20 anos de centro-esquerda (o Chile não havia sido governado pela direita desde Pinochet). Apesar de controversa - foi alegada irregularidade nas primárias -, sua eleição traz à tona debates muito interessantes sobre a esfera política chilena. O primeiro ponto é que alguns setores da população se queixavam da inércia do partido anterior, que já fazia mais articulações para seu próprio interesse que políticas públicas, devido ao longo período em comando. Em segundo lugar, há um retorno das discussões sobre a liberdade de pensamento, já que algumas das medidas já anunciadas do futuro governo é reduzir os impostos aos livros - porém, somente aos livros "bons" (os demais continuam a ser taxados normalmente). Ainda está em jogo uma terceira questão, sobre a relação entre política, economia e meios de comunicação: Piñera é um grande acionista de três grandes empresas chilenas - a LanChile, a Chilevisión e o time de futebol Colo-Colo. Apesar de haver prometido vender suas partes nestas companhias caso ganhasse o pleito, Piñera voltou atrás e decidiu mantê-las”.
Às palavras do blog oficial, apenas acrescento uma característica, ainda no plano animal, desta cidade. A analogia não vai ser nada boa, mas considerem apenas o aspecto em comum, que é como chamam atenção ao primeiro visitante, logo nos primeiros minutos de uma volta pelas ruas; Assim como em Montevidéu a quantidade de idosos nas ruas salta aos olhos (alta expectativa de vida e alta idade média da população, além do êxodo de jovens), em Santiago do Chile a quantidade de cachorros nas ruas também salta aos olhos. São “vira-latas” de todas as espécies, dos autênticos vira-latas a Huskies Siberianos e Pastores Alemães, só não vi Poodles. Alguns com aparência muito boa, como se tivessem sido abandonados a poucos dias. A razão disto, não sei, nem ninguém a quem perguntasse soube explicar. Talvez eu devesse ter perguntado a algum taxista, já que, como no Brasil, eles sabem de tudo ou, ao menos, tem opinião formada sobre tudo.
Bom, já me alonguei mais do que imaginei quando escrevi: “Serei Breve”, sete parágrafos acima. Fecha parênteses.
Legal suas impressoes da cidade e gostei ter citado o encontro com a familia...
ResponderExcluirbjo