segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dia 19 – 26 de janeiro de 2010 – Chile

“Poesia materializada... rima, harmonia... quase melodia”

            Notícias do pessoal que foi na embaixada brasileira no Chile no dia anterior. A embaixada não havia lido o e-mail enviado pelo Itamaraty quase 1 semana antes, o qual determinava que as embaixadas dessem todo o apoio logístico e de contatos institucionais de que precisássemos. Resultado: nossa programação no Chile começaria praticamente 1 dia depois do esperado.
            Aproveitei a manhã para colocar meus 5kg de roupa suja para lavar (última lavagem tinha sido em Foz) e tirar um pouco do atraso destas Notas da América do Sul. À tarde, tivemos mais um momento de discussão em grupo sobre alguns pontos conjunturais da América Latina. Somaram-se às pautas já esperadas, as últimas notícias a respeito do terremoto e inundações no Peru, que deixaram ilhados mais de 1.000 turistas numa cidade próxima a Machu Picchu, Águas Calientes, e, também, em Machu  Picchu, entre eles 120 brasileiros, e a respeito da renúncia do vice-presidente da Venzuela, que vem resultando numa “quase guerra civil”, com já 2 estudantes pró-Chavez mortos em conflito com grupos contra-Chavez. Estamos torcendo para que a situação declarada de emergência do Peru melhore para que não percamos a oportunidade de conhecer Machu Picchu!
Lá pras 16:30h, após a discussão, fui na Plaza de Armas tentar conhecer o Museu de História Nacional. Fechava às 17:00h e conheci muito pouco (ou quase nada). Pelo menos pude aproveitar a Casa dos Correios, ao lado, para enviar um cartão postal para a namorada... fazer uma média, né?! =D




Continuaria a escrever no parágrafo anterior para descrever o passeio após a Plaza de Armas se este não tivesse sido tão peculiar, tão distinto. Inesquecível mesmo. A visita à casa de Pablo Neruda, no bairro da Bella Vista, é um programa imperdível em Santiago do Chile. Na verdade, valeria a pena ir para Santiago só para conhecê-la e conhecer um pouco da história deste poeta, aliás, deste homem, já que não há como resumir sua vida e suas atividades à “classe” poeta apenas. Foi diplomata (aos 23 anos), pacifista, escritor, político... . Sua 3ª e última esposa, Matilde, sua amante nos últimos 9 anos do 2º casamento, cantora, também é um caso a parte, dada sua força e inteligência após a morte de Neruda, tanto para denunciar os contra-sensos da ditadura quanto para reconstruir a casa onde viveu com Neruda, na época de amante e mulher, que havia sido destruída a mando da ditadura, uma tragédia cultural, como definiu o simpático guia de nossa visita. A história de amor de Pablo Neruda e Matilde inspira qualquer casal de namorados ou amantes e está presente em cada canto da casa, em cada objeto, em cada cômodo, todos recheados de simbolismos e poesia materializada, bem como os artifícios arquitetônicos e decorativos utilizados para que a morada simule um barco em alto-mar, desde as escadas, cordas, luminárias e quadros até o chão de tábuas de madeira. Para Neruda, o mar era inspiração e admiração, apesar de ter medo de água e não saber nadar. Tudo ali era poesia materializada, era poesia sem palavras, sem versos ou estrofes. Mas tudo tinha rima, harmonia. Quase melodia.





Depois de conversas inspiradas pela visita à casa de Neruda, os caravaneiros subiram o Cerro San Cristóbal, ao lado da casa. Como eu já conhecia, fiquei dando umas voltas por Bella Vista, repleta de bares, pubs, restaurantes, boites e jovens, aguardando o retorno dos demais. A essa altura, já eram quase 22:00, anoitecia, e foi só o tempo de jantar, acessar a internet para responder uns e-mails e conversar um pouco com namorada, amigos e familiares e descansar para o próximo dia, último em Santiago.



Ainda não me atreverei a relatar minhas impressões sobre esta cidade. Como comentei com uma colega de jornada, ainda não senti o ar, o clima, o espírito da cidade, se é que se pode sentir tudo isso em poucos dias. O que quero dizer é que minhas sensações sobre este lugar estão em construção, certificando-me se que o que vejo é o mesmo que sinto...


4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estou emocionada com sua descriçao da visita a casa de Neruda... tb gostei muito, mas nao tinha visto tanto, obrigada por me fazer ver alem...
    bjos

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  3. Li depois e vi que colocou de relance, retiro o que disse no comentàrio anterior... bj

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  4. Davi,
    Sua mae, euzinha aqui, li rapido e nao vi que vc falou de nos de nosso encontro em Santiago, desculpa retirilho amadissimo!o o comentario anterior só nao sei como apagar... o que vc escreveu me deixou feliz viu filho? desculpa a doidice de mamame.. tá... e agora estou lendo tudo bem divagarinho e atenta...bjo

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